domingo, 23 de junho de 2013

Educação na mídia

 18 de maio de 2013

Sem condições de um bom aprendizado

Situação de escolas públicas compromete o ensino. Relatório do TCDF já alertou cenário

Fonte: Jornal de Brasília (DF)

A realidade das Escolas públicas do DF preocupa. Algumas chegam a passar a impressão de que necessitam ser demolidas e totalmente refeitas. E os problemas não são novos. Em 2011, relatório do Tribunal de Contas do DF reprovou 87% das Escolas mantidas pelo GDF.

O documento chamou a atenção para a falta de qualidade das instalações físicas dos centros educacionais. Dois anos depois, a reportagem do Jornal de Brasília per - correu alguns dos colégios apontados na época como os que mais necessitavam de reparos e manutenção, e o cenário encontrado foi desolador. Ontem, o JB r m os tr ou que a precariedade de algumas unidades contribui para a evasão Escolar, que chegou a 31,2% no DF. Em Planaltina, no CEF Juscelino Kubitscheck, avaliado como uma das Escolas com piores instalações pelo TCDF, quem faz a manutenção da Escola é a própria comunidade. “Posso afirmar que hoje a Educação não tem o apoio do GDF para oferecer Ensino de qualidade. Se algo foi feito aqui é porque nós nos mobilizamos”, destacou o diretor Nilson Carlos. As salas de aula ainda são de madeira revestida com amianto, composição já retirada da maioria das Escolas antigas.

O material esquenta as classes e causa desconforto. Não há previsão de mudança. “O órgão não nos passa prazos. Estamos esperando que aconteça. Mas, até agora nada”, desabafou o diretor. Em um terreno cedido à Escola, Docentes decidiram criar uma sala de reforço. Somente com a ajuda da comunidade e dinheiro dos próprios Professores, a construção começou a ser feita. E é em um espaço de poucos metros quadrados que Alunos estudam. A escada foi levantada pelo pai de um Aluno. “Aqui é comum que os pais façam trabalhos de pedreiro e marceneiro”, disse o diretor do colégio. A questão da acessibilidade é outro problema. Fundada há 22 anos, em um terreno curvo, a Escola é repleta de escadas por toda parte, e as rampas são poucas. A quadra poliesportiva também pede socorro.

Construção
Em outra ponta do DF está a Escola Classe 7, em Ceilândia. Construída em 1974, a unidade é rodeada por pontos de tráfico. Segundo o supervisor Théo Oliveira, a área é delicada e nunca teve nenhum tipo de investimento do GDF, fora o metrô. “Este lado Oeste parece desprezado pelo Estado”, avaliou. Dentro da Escola, o cenário também é triste. Por medidas de segurança, grades enferrujadas cercam os Alunos.São carteiras, paredes, banheiros e portas estragadas e pichadas. A quadra não possui cobertura, o que impede a utilização em dias de calor e seca. A quadra de basquete não possui cestas. A pista de atletismo virou um amontoado de terra. A previsão de que a realidade mude é emsetembro. “Haverá investimento de R$ 6 milhões para reforma da Escola”, informou o supervisor.

Ponto de vista
Doutor em Educação da Universidade Católica (UCB), Afonso Galvão avalia que falta inspeção nas Escolas por parte da Secretaria de Educação. Ele declara ainda que visita regularmente alguns centros de Ensino e, segundo ele, a situação continua precária, principalmente nas regionais de áreas periféricas. “São detalhes que colocam em risco a segurança das crianças ”, aponta. Para ele, a secretaria centraliza as reformas e reconstruções de Escolas, o que dificulta o processo. “Se não houvesse toda a burocracia que existe hoje, provavelmente os colégios não estariam no estado em que se encontram”, salienta o especialista.

Problemas de alunos e professores
Ainda em Ceilândia, outro centro de Ensino, de número 25, não mostrou grandes mudanças nos últimos anos. A reportagem conseguiu ter acesso ao local, com autorização da direção. Porém, depois de alguns minutos de conversa e questionada sobre as paredes, tetos e portas quebradas, a coordenação impediu que a apuração seguisse adiante.

O colégio não tem, inclusive, quadra esportiva. A justificativa é de que houve atraso na obra, que deveria ter sido iniciada em janeiro último. Já no Centro de Ensino fundamental 11 de Taguatinga, a situação é precária. O local, que nunca passou por uma reforma, conta com ambientes em estado de degradação. De acordo com o vice-diretor Ricardo Paes Pacheco, a verba disponibilizada pela Secretaria de Educação é destinada somente para pequenos ajustes. “A estrutura é a mesma desde 1966. Alguns ajustes vêm sendo feitos, mas não são suficientes”, declarou. Segundo Paes, os problemas refletem diretamente no processo de aprendizagem. “A acústica, a iluminação e ventilação são péssimas”, destacou.

Ele conta que o estado da Escola ocasiona problemas aos Professores. “Uma Professora já sofreu um acidente vascular cerebral em sala de aula”, relatou. Outro problema relatado é a burocracia para usar as verbas do governo.

Versão oficial
Questionada sobre a estrutura das Escolas, a Secretaria de Educação afirmou que possui uma série de reformas e manutenção agendadas para 2014. Além disso, disse que a Coordenação de Obras da pasta está intervindo em várias frentes. Algumas Escolas estão passando por manutenções, outras por reformas, reconstruções, e outras estão sendo erguidas.

Quanto ao serviço de manutenção, durante todo o ano, apontou a secretaria, a rede de Ensino está coberta por contratos com dez diferentes empresas que prestam os serviços. Nove Escolas estão sendo reformadas ou reconstruídas. Sobre os centros de Ensino visitados pela reportagem, a resposta do órgão foi de que estão em manutenção.

No CEF 11 de Taguatinga, por exemplo, a pasta informa que foi feita a revisão das instalações elétricas com substituição e/ou colocação de fios, lâmpadas fluorescentes, interruptores e tomadas; reposição e/ou colocação de fechaduras de embutir e grades de proteção em portas e/ou janelas; demolição de cobertura com telhado ondulado de fibrocimento e execução de cumeeira e cobertura com telha de fibrocimento. Já no CEM Setor Leste houve a recuperação do sistema de abastecimento de água, impermeabilização da caixa d´água, execução de alambrado, portão em alambrado e pintura, entre outros reparos diversos mencionados em nota.

Dificuldade na Asa Norte
Para a vice-diretora da Escola Classe da 115 Norte, Lúcia Helena Carvalho, a falta de segurança da Escola é uma das grandes preocupações. “Temos apenas uma grade, que é muita baixa e facilmente pode ser pulada. Temos muito medo disso”, afirmou. A falta de espaço também é uma dificuldade. “N ão temos área de lazer.

Por isso, durante o intervalo dividimos as turmas em três partes. Em função disso, alguns têm que ficar do lado de fora da Escola. É claro que estão sempre acompanhados dos Professores, mas o ideal é que tivessem um espaço aqui dentro”, declarou. Outro ponto apontado é o estado da caixa d´água: “Sempre que fazem manutenção nos alertam que ela está balançando. Isso é perigoso. Já procuramos a secretaria, mas fomos informados que a verba não pode ser usada para este fim, por se tratar de um problema estrutural”. Segundo ela, a Escola tem uma preocupação especial com a marquise da entrada da Escola. “Achamos que ela está meio torta”, apontou a Educadora.

Ministério Público
A promotora de Educação Márcia Pereira Rocha afirmou que os reparos simples, como pinturas das paredes, não resolvem o problema das Escolas. “O DF ainda não conseguiu dar prioridade à Educação”, disse. Na tentativa de recuperar as Escolas, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com algumas regionais.

Fonte: http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/26969/sem-condicoes-de-um-bom-aprendizado/

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